Ninguém tem dúvida de
que ensinar o que é correto está na raiz da profissão docente. Com base nessa
concepção, por muitos anos se pensou que era papel do professor identificar os
erros e puni-los. Prova disso é o próprio sistema de avaliação que se desenvolveu.
Os estudantes são testados sistematicamente, muitas vezes recebendo notas
baixas e, em casos extremos, sendo retidos no mesmo ano letivo. Afinal, aluno
bom é só o que acerta.
Teorias
desenvolvidas ao longo do século 20 vieram mostrar que a história não é bem
essa e que o errado é quem pensa assim. Beira o impossível aprender algo sem
antes cometer equívocos. Eles fazem parte da aprendizagem: são obstáculos que
as crianças ultrapassam quando estão em busca do conhecimento. "Muitos
professores não compreendem que as respostas dadas por elas (mesmo que
distantes do padrão apontado pela ciência) têm explicações lógicas e evidenciam
avanços significativos", afirma Evelyse dos Santos Lemos, pesquisadora do
Ensino de Ciências e Biologia da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), no Rio de
Janeiro.
Ver o
erro como um indicador do raciocínio do estudante possibilita criar situações
que o levem a pôr as ideias inadequadas em xeque. É preciso analisar as
incoerências, categorizá-las e problematizá-las (leia
exemplos de atividades nas páginas seguintes). A chave é levar todos a pensar sobre o que não sabem e, com
isso, aproximá-los do conhecimento esperado para o nível em que estão. Um olhar
atento é fundamental para entender os erros, que são de diferentes tipos.
- Construtivo É o
que demonstra as hipóteses do aluno acerca de qualquer conhecimento
(matemático, linguístico, científico, histórico, geográfico ou artístico)
naquele momento. É um dos mais comuns e importantes do ponto de vista
pedagógico, já que permite colher informações riquíssimas sobre as
aprendizagens, dando origem a novas estratégias de ensino. Os estudos
desenvolvidos na área de alfabetização pelas argentinas Emilia Ferreiro e Ana
Teberosky ajudam a explicá-lo. Depois de analisar as ideias dos pequenos sobre
as características do sistema alfabético, as pesquisadoras conseguiram
agrupá-las em cinco níveis. Com isso, o que antes era visto como erro de
escrita passou a ser encarado como parte do processo de aprendizagem. Cada um
desses patamares demonstra uma série de saberes adquiridos e exige intervenções
específicas.
- Conceitual Reflete
a não-compreensão de determinado conceito ensinado. Se a criança não entendeu o
que aquela ideia quer dizer, não consegue responder à pergunta. Nesse caso, não
tem jeito: é preciso dar um passo para trás e retomar o tema.
- De distração Ocorre
quando o aluno possui a estrutura cognitiva necessária para a compreensão de um
fenômeno e já se mostrou capaz disso, mas deixa de dar a resposta correta.
Nesse caso, basta apontar para ele a falta de atenção e pedir um cuidado maior
na realização das atividades.
- Pelo uso de uma lógica
diferente da proposta pelo professor Acontece
quando a criança lança mão de meios cognitivos alternativos para resolver uma
questão. Mesmo que a resposta esteja correta, o que está em jogo nesse caso é a
aprendizagem da estratégia. Por isso, é importante valorizar o método usado
deixando clara a necessidade de empregar o procedimento específico.
Outros
equívocos dos alunos permitem identificar problemas relativos ao ensino ou ao
desafio apresentado em sala. Eles podem ser de dois tipos.
- Provocado pela pergunta Resultado
da falta de compreensão sobre um termo ou conceito do enunciado ou da questão
em si por estar mal formulada. O caminho, aqui, é propor novas atividades para
deixar claro o que está sendo pedido.
- Suscitado pela falta de
conhecimento didático do professor Facilmente
identificável quando a maioria dos estudantes apresenta respostas que indicam a
não-compreensão do tema trabalhado em sala. Adotar outra forma de ensinar o
conteúdo é fundamental em momentos como esse.
Fonte:http://revistaescola.abril.com.br/formacao/vencendo-erros-678561.shtml
Segue reportagem que explana como ajudar o aluno a superar suas dificuldades.
Por Jessica Priscila,
Luciana Gomes e Priscila Fuzita
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